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Saturday 23 April 2016

Toiros e gastronomia

Outrora apelidada de "deserto", a zona oriental da margem sul tem uma identidade muito propria. Custa por vezes acreditar que uns simples 17kms de betão e alcatrão, separam a vibrante e luminosa cidade capital da pacata Montijo, das casas térreas e brancas e extensos campos. Vamos mais uma vez até à Lisbon South bay,....east side (!)





Nome: Casa das Enguias
Data da visita: Março 2016
Localização: Sarilhos Grandes, Montijo
Comentário: a Casa das Enguias, é para mim, uma dos mais carismáticos spots de toda a zona. Típica casa de beira de estrada nacional, a decoração é dominada pela temática tauromática, como aliás é muito comum por estas bandas. A sala é espaçosa com a mesas dispostas de forma a permitir receber um numero elevado de comensais, que fazem com que a casa esteja constantemente perto da sua lotação máxima, seja aos almoços à semana ou ao jantar em finais de semana. O staff  esse, é eficiente e simpático e em menos de nada, somos confrontados com um prato de finas fatias de presunto de porco preto com pão regional, fantástico btw, enquando perscrutamos a ementa. Essa é diversificada tanto em ofertas de peixe como de carne. Como o nome indica a especialidade da casa são as enguias, servidas em ensopado ou fritas. Não neste fight, mas noutros passados, provei as enguias fritas como entrada e gostei, reconhecendo porém que não é um prato consensual, e que muitos recusam sequer provar, muito devido as aspeto do bicho. Se o leitor é dos que não se deixa afetar por isso ou se é mesmo um apreciador do pitéu, então a Casa das Enguias é ponto de paragem obrigatório para degustar este peixe. Já conheço esta casa há algum tempo e é seguro afirmar que tudo é bom, desde o bacalhau cozido com grão, ao cozido à portuguesa e os famosos bifinhos de porco preto com batatas "à maricas" ... fica já o pedido de desculpas à comunidade LGBT, mas é esse o nome que dão à forma de servir as batatas, que são fritas e envoltas em ovo estrelado. Mas este era dia para outro pitéu, também ele um habitual da carta da casa: choco frito com arroz de berbigão, a lembrar que Montijo é distrito de Setúbal. A dose é generosa e o choco de excelente qualidade é frito na hora servido estaladiço e rijinho. O arroz, é na minha opinião um caso de policia, de tão fantástico que é. Bem apurado, cozido al dente  com travo a coentros, é uma forma diferente e original de acompanhar o cefalópode. Coube ao tinto da casa, servido em caneca, acompanhar o petisco. Apesar de não ter questionado, os aromas frutados, a simplicidade e facilidade do néctar levou-se a crer que se seria da região, ou seja um terras do Sado. Esteve à altura.
Para sobremesa, a aposta foi para o doce da casa, que apesar de ser o "clássico" doce de leite condensado com bolacha e natas, fez jus à minha interpretação desta casa em que "tudo é bom". 
Finalizado o fight e pedida a conta, calhou algo a rondar os 22€/pax, um valor mais do que justo para a qualidade do repasto.
Repeteco? Já "repetiquei", e "repeticarei" sempre que surgir a oportunidade. A Casa das Enguias é um ponto de referência imperdível do Montijo.


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Sunday 17 April 2016

De regresso à Serra da Estrela

A Serra da Estrela, entrou diretamente para o meu top dos locais mais carismáticos deste nosso rectângulo à beira-mar plantado. Já aqui e ali falamos do tema, das paisagens, da gastronomia e das suas gentes. De regresso a um dos pontos mais elevados de Portugal Continental, vamos de novo falar de cozinha beirã.



Vista da sala


Vista do hotel
Nome: Hotel da Serra da Estrela
Data da visita: Janeiro de 2016
Localização: Penhas da Sáude, Serra da Estrela
Comentário: muitas vezes utilizado como imagem postal da serra, o Hotel da Serra da Estrela é das mais antigas e conhecidas unidades hoteleiras da região. Engane-se o leitor/comensal se pensa que este vosso narrador se virou para a critica hoteleira ... hoje vamos falar de fight ocorrido no restaurante do estabelecimento, que se encontra aberto ao público geral. Pasme-se o leitor, pois o tema do spot é medieval. Sim, o restaurante do Hotel Serra da Estrela é temático cujo o dito é a época medieval ... mas desengane-se se pensa que aqui comerá as sandes de porco no espeto ou bebericar cerveja em canecas metálicas. A cozinha é tipicamente beirã. De medieval só mesmo o ambiente rústico da sala com mesas corridas, onde o risco de necessidade de partilha com outros comensais é real. Honestamente, não é algo que esteja no topo das minhas preferências ... chamem-me eremita/anti-social, mas prefiro não partilhar a minha mesa com estranhos, mais ainda porque acabaria por colocar alguns constrangimentos à atividade fotográfica tão necessária ao porn food. Porém, e apesar de ser época de bastante movimento na região, não foi preciso recorrer ao table sharing. O spot funciona numa lógica de buffet all-you-can-eat com preço fixo por pessoa, algo que agradará com certeza aos comensais com maiores necessidades nutricionais. A oferta é vasta e variada que onde os obrigatórios enchidos regionais possuem merecido destaque. Chourico, farinheira e murcela são apenas alguns exemplos. Feijoca com carnes, favas com chouriço e outros estufados a borbulhar em potes de ferro são um festim também para os olhos. A oferta é mesmo muita, ao ponto de não ser de todo possível provar todos os pratos. Há um prato principal quente, para aconchego, que desta coube a um estufado de javali com batatas cozidas e grelhos. Muito bom mesmo, como aliás tudo de uma forma geral.
Coube a uma 0.37cl de Piornos tinto, elaborado com trincadeira e jaen, da adega da Covilhã, a dificil tarefa de casar com tão complexo misto de sabores. E cumpriu, sem nunca vacilar. Nota positiva à casa por disponibilizar e propor vinhos da região, mais ainda não pertencendo ás grandes e mais conhecidas regiões vinícolas. 
O buffet avança para as sobremesas, que ao contrário dos pratos iniciais, não são propriamente variadas. Há oferta de 2 ou 3 variedades de queijos da região, marmelada e um doce, que no dia era arroz doce. 
No que a valores diz respeito, o preço do buffet de cerca de 19€/pax, fora as bebidas, que já se sabe, neste modelo são bastante inflacionados. Conte portanto com algo a rondar os 25€/pax. O valor para crianças é cerca de metade.
Repeteco? Sim poderei voltar, principalmente se ficar hospedado no hotel. Porém há a 2 minutos de carro uma alternativa muito válida, para onde recai a minha preferência.


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Sunday 10 April 2016

Old school @Porto

Num momento em que vivemos uma revolução da nossa oferta gastronómica, nem sempre é fácil encontrar um spot para usufruir de uma comida simples, tradicional e honesta. Mais ainda quando o queremos fazer com a maxima qualidade. Mas é possível! Há casas que já cá estavam antes do boom e irão continuar se um dia a movida arrefecer.






Nome: Cozinha do Manel
Data da visita: Março de 2016
Localização: Porto, em frente à estação do Metro do Heroismo
Comentário: aberto desde 1989, longe ainda de se imaginar que o Porto se tornaria num vibrante e cosmopolita destino turístico, a Cozinha do Manel especializou-se na arte da confecção de comida tradicional portuguesa. Dois fornos a lenha são a principal ferramenta de trabalho, que juntos a muito talento e devoção, permitem aos comensais usufruir dos aromas e sabores da nossa riquíssima cozinha. Aliás, "fusão", "autor" e "internacional" são palavras que não entram no léxico desta casa ... aqui é como no antigamente! A experiência começa na entrada em que o comensal, para chegar à sala, passa pelo mural dos famosos que foram visitando a casa nas ultimas décadas. Portugueses, estrangeiros e como seria de esperar os melhores da naçon azul e branca. Do lado oposto, uma imponente garrafeira repleta das melhores referências do norte a sul, onde até o mítico Barca Velha marca presença.
É de chamar a atenção, que a Cozinha do Manel funciona numa lógica de pratos em dias marcados. As tripas à quartas, o cozido às quintas e à sexta o afamado cabrito assado. Porém são residentes da lista, os filetes de polvo e a vitela assada. Isto faz com que a lista não seja imensa. Tenha isto em mente numa visita à casa, e planeie o dia, se pretender um prato especialidade.
Sentados e instalados, foi dado inicio ao fight com uma murcela polvilhada com cominhos, pimentos padrão de pequeno porte bem fritos em azeite e bolinhos de bacalhau. Nada a apontar, a não ser a excelência e a frescura de tudo ... os bolinhos acabados de fritar e a murcela cheia de sabor com o perfume dos cominhos. Mesmo os outsiders pimentinhos padrão estavam cozinhados no ponto e salgados com muito equilíbrio,
Para prato principal do fight a escolha caiu sobre os filetes de polvo com arroz do mesmo e a vitela assada com batata assada e arroz de forno. O polvo tenro estava muito saboroso e o arroz do mesmo servido sequinho, estiveram à altura das expectativas. A vitela, tenra ao ponto de desfazer com o garfo, estava muito saborosa. Menção honrosa, para o arroz de forno em púcara de barro, servido ao longo da refeição e que acabou por ser companhia a ambos os pratos. Sequinho e cozido no ponto.
Já anteriormente mencionado e como seria de esperar, a carta de vinhos é extensa, cuidada e variada tanto na geografia, nos estilos e nos preços. Os valores rondam os típicos 2x do valor do retalho. Previamente acordado entre os confrades, que caberia em exclusivo ao Douro a maridagem ao repasto, ficou ao cargo de uma 0.75cl de Evel tinto e uma 0.75cl Cistus tinto a tarefa. Como seria de esperar cumpriram na perfeição, com ambas as garrafas a rondar os 10€ cada, tendo a Evel arrecadado o ouro e a Cistus a prata.
A finalização foi com uma rabanada, bem regada em calda de açucar. Foi um Natal em pleno Março.
Os valores ficaram a rondar os 23€/pax, um valor que não sendo baixo é justo para a qualidade oferecida.
Repeteco? Recomendo para quem não conhece ou para quem visita o Porto, uma ida à Cozinha do Manel. Voltarei com certeza, a uma quarta-feira para comer as tripas à moda do Porto.


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Sunday 3 April 2016

Há peixe bom e fresco na margem sul

"Escondidinho" podia muito bem ser a palavra que melhor descreve este spot. Com poucas ou nenhumas referências na Grande Rede e definitivamente longe dos olhares dos que passam por mero acaso, proponho com este post dar a conhecer um sítio, simples e honesto para comer peixe fresco ... ah, e barato. Vamos aos Sarilhos Grandes. 




Nome: Tasca da Lota
Data da visita: Março de 2016
Localização: Lançada, Sarilhos Grandes, Montijo
Comentário: de vez em vez a Tasca da Lota é o eleito para receber este vosso contador ao almoço.  Bem escondido nas ruelas dos Sarilhos Grandes, dificilmente será uma visita de ocasião. É preciso conhecer. Numa pequena casa branca em zona de descampado, a cidade capital no horizonte, lembra-nos que estamos na margem sul e não numa recôndita vila alentejana.Discreto e muito simples, nesta tasca a grelha é o principal ativo. Há carnes mas é o peixe que nos faz cá vir e voltar. Dito com orgulho pelo proprietário, é fresco e resultado de visitas diárias à lota. À vista dos comensais e prontos a serem escolhidos para repasto, dourada, robalo e salmão são presenças assiduas na carta, que não é bem uma carta ... escolhe-se o peixe que se pretende e avisa-se quem está a servir. O staff esse, à imagem do spot em si é do mais honesto, simples e despretensioso que poderemos encontrar. Aqui a simplicidade é a imagem dominante e o "tasca" no nome começa a fazer sentido, porém as mesas sempre compostas com comensais locais conseguem transmitir alguma segurança, mesmo aos menos adeptos das tasquinhas.
Desta, a escolha foi para uma dourada escalada grelhada na brasa, acompanhada com batata cozida e salada bem temperada. Mão um pouco pesada para o sal, mas o peixe confirmadamente fesco, estava bem grelhado e saboroso. Coube ao branco, com marca da casa, acompanhar o petisco. De origem desconhecida, mas com evidentes aromas a moscatel, servido fresco soube casar muito bem com a dourada. A carta das sobremesas, não é imensa, mas conta com alguma doçaria caseira ... apesar de não ser propriamente algo no topo das minhas escolhas usuais, senti um impulso de avançar sobre o arroz doce. Estava bom, e conseguiu terminar em beleza o fight.
Com café incluido, tudo isto por 7.50€, preço de diária. Um valor muito, muito justo que faz desta tasca um spot a revisitar.
Repeteco? Sim. Voltarei, seja para a dourada ou robalo quando andar por aquelas bandas.

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